sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Novos caminhos, novos ares

O mundo mudou. Especialmente o meu mundo. Tenho carimbado meu diploma, livrei-me de uma carga de trabalho a qual não imaginava poder existir.

Agora, esse blog está em cheque. Ele sofreu um hiato dos mais ferozes. Eu refleti muito sobre o conteúdo dele e cheguei a conclusão que eu nunca consegui desenvolver uma linha, um objetivo, um foco. Isso o tornou uma salada de fruta amarga.

Ninguém sabe o que vai ler aqui. Eu escrevia para mim. E, hoje, quero escrever para qualquer um que não seja eu. Por isso, estou criando novos, para substituí-lo gradualmente.

O primeiro é o A se esquecer. O assunto dele vai ser de relevância política, reflexões de assuntos que interessam os demais seres humanos.

O segundo é o Estares. Será um blog voltado para jornalismo literário.

O terceiro e último será Letras Fixas. É um blog de literatura ficcional, poesia, prosa, contos, crônicas.

Aqueles que ainda entram aqui, sintam-se convidados a visitar minhas novas casas!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Frase solta

"Capitalismo foi uma bobagem que inventaram para que idiotas que não sabem fazer absolutamente nada possam ganhar mais dinheiro do que aqueles que sabem fazer algo realmente útil"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Puta da Uniban


Que o jovem universitário de hoje beira a acefalia, não é novidade nenhum. No próprio Mackenzie, é enorme o volume de filhinhos de papai degustando um cigarro de maconha, recostados nos murros dos diretórios acadêmicos em horário de aula.

Se o nível numa faculdade razoavelmente conceituada está neste patamar, na Uniban, não poderia ser diferente ou pior.

Em um local de veria ser um centro de universalização do conhecimento, pois é esse o sentido de uma universidade, alunos se mostram como animais. Estes que deveriam representar uma elite intelectualizada, com alto grau de civilidade e postura, se mostraram não mais que animais. Urravam por sangue, por um espetáculo. Divertiam-se em uma humilhação pública de uma mulher, uma colega.

Por mais inapropriada que fosse a roupa ou que pudessem ser seus atos, nada justifica este comportamento.

Palavras ofensivas normalmente já são exageros impensados. Gritos ofensivos são a pura expressão do animalesco. É triste ver uma gama de centenas de alunos agir de tal forma. É patético.

Por mais verdade que pudesse haver nas palavras de qualquer um ali, eram completamente desnecessárias. Certas verdades ficam melhores quando guardadas para si. E nem isso sabemos se é ou não o caso.

Então, fico com as sábias palavras deste vídeo, que explora de forma genial o assunto.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Falta pouco

Poucas semanas me separam do fim de uma árdua dedicação a assuntos profissionais e acadêmicos. Não que estudo e trabalho passem a ser insignificantes a partir do dia 9 de novembro. Mas qualquer trabalho de conclusão exige dedicação especial, e este ano foi de mudanças radicais em minha vida.

Responsabilidades... Meu mundo mudou.

Nos primeiros posts deste blog - quando ele ainda era completamente descompromissado, por causa dos outros que eu possuía -, eu postava sobre a minha busca por alguém e do novo desafio que era fazer-me ser parte de um novo ambiente, o universitário.

Nessas próximas semanas eu fecho a minha passagem na vida estudantil, por algum tempo.

Este ano me casei, tornei-me pai... Conheci pessoas dos mais variados tipos e entrevistei das mais controversas. É outro início.

Em breve, após o dia 9 de novembro, voltarei a escrever. Escrever para mim, escrever meus telegramas a ninguém.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Equilíbrio - A grande questão

Conversando com meus botões, vi-me com uma conclusão que deveria ser das mais óbvias: O grande problema do mundo é o equilíbrio - ninguém o tem.

Sempre pendemos em uma bipolaridade, estamos em uma cultura global que é maniqueísta. Sempre pendemos para um lado.

Por muito tempo, o mundo se dividiu em dois sistemas, comunista e capitalista.

O comunismo, visava alcançar um sociedade onde o coletivo imperasse, para que todos tivessem tratamentos iguais por parte do Estado e da sociedade. Tal tentativa não fora bem sucedida.

O capitalismo tem em seu liberalismo o ideal do individualismo. É muito ismo, sem dúvida, mas a ênfase no individuo e o abandono do coletivo é o que gera as mazelas de nossa sociedade atual. É isso que cria as falhas sociais como miséria, pobreza, violência e desigualdade. Outro sistema que não é bem sucedido.

O grande problema dos ideais humanos é que eles são focados e um único ponto, pendem a um único extremo, não detém equilíbrio.

Da mesma forma, nosso comportamento espiritual. Ou somos liberais ou somos conservadores... Pentecostais ou fariseus... Puritanos ou liberalistas... Fanáticos ou negligentes. Sempre pendemos a um extremo, sempre nos rotulamos e rotulamos aos outros em um extremo, da forma que aparentam ser.

Deus criou um universo que funciona em plena harmonia. A perfeição de Deus é harmônica, está em equilíbrio e funciona de forma sistemática. Somos nós e nosso pecado que desregulamos tais organismos, somos nós que rompemos o equilíbrio.

Hoje, para mim, a grande questão como Cristão é combater os meus preconceitos, os meus bloqueios e os meus traumas e saber aceitar a Deus naquele que eu condeno, naquele que considero estar em um extremo completamente diferente do meu.

Tenho duas experiências de religiosidade completamente discrepantes. Metade do mês vou a minha igreja, a IASD Nova Semente. Outra metade, à igreja dos meus sogros, Unasp Campi 2.

São ambientes complemente diferentes. Tive que aprender a enxergar a Deus em realidades diferentes, e entender que o que Ele quer é levar o coração de cada um de nós, que está em um extremo, para o centro.

Deus quer equilíbrio, comunhão e religiosidade de todos nós. Sejamos o que formos, o que Ele deseja é que saibamos estar em harmonia e não pendendo às nossas conveniências.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Só não roube sua ex-mulher

Era uma tarde como outra qualquer, para um desempregado. Meu emprego se foi com a desculpa de sempre; a tal crise econômica, corte de custos, a necessidade de enxugar a folha de pagamento.

Normalmente, perder um emprego não é o fim do mundo. É apenas um saco. São mais preocupações, ansiedades, medos e angústias para colecionar. Até que se encontre um novo emprego para se estressar.

Porém, para alguém que não possuía vinculo empregatício formal – aquelas bobagens que a gente faz para tentar manter seu emprego em uma crise e lhe faz a presa mais fácil na seguinte – ser despedido é como naufragar sozinho no meio do triângulo das bermudas.

Não pensava que, de todos os meus credores, minha ex-mulher seria a mais voraz e cruel. Sem renda, sem seguro desemprego, sem seguro e sem poder pagar a pensão de meus dois filhos. Até a companhia telefônica seria mais compreensível, mas uma ex-esposa não teria piedade.

Tudo bem que a gente faz umas bobagens na vida. Não vou negar que o divórcio foi por minha culpa. Ela tem motivo para estar ressentida, mas não esperava que fosse vingativa.

Engraçado o dia que fui preso. Não fazia idéia do motivo, até que meus carrascos me contaram suas razões. Os arautos da justiça estão atrás do cruel caloteiro das pensões. Afinal, por que correr atrás de quem cometeu um brutal e sanguinolento assassinato, se os terríveis não pagadores de pensão estão a solta!? E eu pensava que o SPC seria meu maior problema…

Não sabia se me indignava ou ria. Era eu tão perigoso para me algemarem? Que risco eu apresentava à sociedade? Qual havia sido meu crime, ser demitido? Minha vontade era chutar o banco do passageiro da viatura. O que de pior poderia me acontecer? Já estava preso por um dos motivos mais ridículos, qual seria o problema de arranjar um de verdade?

Aquelas algemas me irritavam. Eu sempre vi na tevê aqueles bandidos sem rancor algemados. Só de ver alguém de algema eu pensava mal da pessoa. Antes disso, eu pensava que, se estava de algema, o cara estava errado.

Quando antes eu poderia imaginar que por essas bobagens colocariam algemas em cidadãos de bem? Eu sempre paguei meus impostos, nunca cometi crime nenhum. Está bem; ás vezes uma ou outra multa de trânsito, mas isso não é exatamente colocar a vida dos outros em risco, não é?

Ao adentrar a minha cela, senti-me como um cordeiro entregue aos leões. Eu era o almoço após sete dias de jejum.

Por sorte, na delegacia dificilmente eles colocam caras como eu com os homicidas. Claro, os homicidas que eles pegaram cometendo um homicídio. Mas ao meu lado, três rapazes, por volta de 19 anos, que alegavam ser apenas usuários de 900 gramas de cocaína. Porém, ao cair da noite, contavam todos os passos, pontos e lugares para se conseguir drogas. Eu, um pai, um cidadão que nunca havia colocado um cigarro na boca, já sabia como conseguir a droga que quisesse, pelo preço mais barato, com o irmão mais “firmeza”.

Foram três dias até que meu irmão conseguisse regularizar a situação. Se eu fosse patrão, tivesse advogado, tenho certeza, nem teria que dormir na cadeia. Mas a gente faz o que nesse Brasil? Não dá para fazer muito, mas uma coisa eu percebi. Você pode dar calote em qualquer um, desviar verbas públicas e, se for esperto, roubar. Mas não pague sua ex-mulher e… eu garanto; é fatal.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A dois passos do fim do Estado laico

Hoje nos deparamos com um dos acordos mais perversos, ideologicamente falando. Acertado pelo Vaticano e o Poder executivo do Brasil, a instituição de ensino religioso nas escolas públicas é um ataque a liberdade individual.

O acordo prevê que a disciplina fará parte do currículo base de formação.

É completamente compreensível que instituições confeccionais tenham em sua grade aulas de ensino religioso, por sua ligação direta e por terem como objetivo atender aos membros de uma instituição religiosa em especial. Aqueles que matriculam seus filhos em uma escola deste segmento sabem exatamente o conteúdo que será passado.

Neste molde, ou as aulas de ensino religioso não passaram de desperdício de horas aulas ou não passará de mera doutrinação religiosa da Igreja Católica Apostólica Romana.

O Brasil não possui religião oficial. O Estado brasileiro se define como laico. Ou seja, um Estado que permite e garante o livre pensamento e a liberdade religiosa. Adotar o ensino religioso seria privilegiar uma religião em especial, depreciando as demais religiões – sejam cristãs ou não –, e até mesmo os não religiosos, os ateus e agnósticos.

Se isto fosse uma disciplina extra-curricular, fora da grade de aulas, uma opção para o aluno que não o expusesse, seria uma iniciativa até válida. Mas da forma como está sendo feito, não passará de um golpe numa das maiores conquistas históricas deste país como nação.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Absurdo

Viajando pela região de Ribeirão Preto e Sertãozinho, indo em direção à Guabira - uma cidade "dormitório" - tudo que se via era um mar de cana-de-açucar e usinas.

Quando havia contrastes, eram imensas plantações de eucalipto.


Depois de lidar diretamente com a filha paranóica de dois lavradores - a guria em meio a um ataque de pânico - tivemos um dia de intrigantes experiências em Guariba. Cidade de 34 mil habitantes, dos quais em torno de 1.500 são trabalhadores braçais da lavoura de cana.

Agora, em Jaboticabal, estou em um dos melhores pulgueiros da cidade. Amanhã, Morro Agudo nos espera. E se Deus quiser, finalizamos nossa jornada.

E eu volto a escrever de verdade para todos aqueles que não lêem mais este blog.

Até não sei quando, mas tão logo!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Coisas de TGI na estrada...

A coisa mais irônica do dia de hoje foi a saída de um motel. Uma placa, mui inocente, proclamava: "É sempre um PRAZER lhe receber". Coisas de Piracicaba...


Cidade muito aprazível diga-se de passagem. =D

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Um grande engano

A vida é um grande engano. Somos dotados da esperança de um porvir confortável, agradável, onde poderemos degustar aquela felicidade utópica de um filme meloso de Hollywood. Buscamos a felicidade em cada esquina, de forma tímida, disfarçadamente involuntária. Esperamos que um(a) estranho(a) que dobre a esquina guarde a formula de nossa felicidade em seu sorriso, desejamos ardentemente que o segundo seguinte venha acompanhado de um êxtase constante e infindo, uma mentira inventada pela nossa necessidade presente de completar o abismo que impera no âmago.


O que falta é uma resposta e a nossa tendência é procurar a solução em outra incompletude. Buscamos algo que encaixe, desesperadamente esperamos que a resposta esteja em um ponto exato, tátil e visível de nossa vida. É a forma mais cômoda e fácil de encarar o assustador vazio, buscar a resposta no vazio de outrem.


Nosso desespero se constrói quando o conto de fadas que construímos se mostra como um castelo de areia frágil que se desfaz com a repentina mudança da maré. A mácula que nos tortura se faz evidente quando nos deparamos com a frustração de espelho. Somos tão defeituosos que a imperfeição é um fato assombroso.


Perdemo-nos em ilusões vãs quando a verdade é que nosso foco está errado. Queremos ignorar a incompletude, queremos fugir da verdade de qualquer forma, mas é inevitável, nossa carne não mente, nosso sangue carrega o vil veneno de ser errante. Nossa sina é seguir desesperadamente de lástima a falhas, torturando nosso peito com esperanças de alegrias falsas que apenas tomam o tempo e intercalam o momento que encaramos a realidade.


A vida é um grande engano, pois queremos ver tudo colorido, queremos cores alegres, queremos música e requinte. Porém a vida não passa de um ciclo eterno, um romper constante, a instabilidade visceral de alegria e tristeza.


Mas a vida não é preto e branco. A vida não passa de um grande engano. A vida é um emaranhado de tons de cinza. Tentando esvair-se da escuridão e atingir seu deslumbramento de pura luz.


Tenro engano. Enquanto nossa busca for incansável por um sorriso perdido, quando nosso dia não for alegre enquanto os pássaros não entrarem pela nossa janela e nos fazerem crer na vida em conto de fadas, a vida não passará de um narcótico.


Narcótico que perpetuará durante o tempo que pulsar no peito a imbecil insistência de beber a ilusão, alcoolizar-se na esperança de não ter que encarar o fato de ser você mesmo. Ninguém gosta de estar tão próximo dos defeitos quanto à pessoa que os comporta, é para ela que eles os são mais evidentes.


Mergulhados em nossa escandalosa podridão, buscamos na imagem de perfeição dos outros a solução para a corrompida estrutura de vida que somos. É uma pena que imaculada imagem construída em nosso âmago seja incapaz de preencher os espaços não-preenchidos de nossas almas disformes. Uma imagem não passa de uma imagem, um reflexo distorcido por uma água turva. Quanto mais próximos, mais claro o reflexo. E quanto mais claro, mais abominável.


Somos insuportáveis. Tão insuportáveis e entregamos aos outros o carma de nos suportar. Se tivermos que nos suportar sozinhos, enlouquecemos. Talvez por isso sejamos tão incompletos.


Meu objetivo não é ser trágico. Nem simplesmente apontar o óbvio de sermos meras personagens construídas que buscam verdades em meras interpretações teatrais de outros que são meramente tão iguais a nós. Meu sorriso de canto está em dizer que ao encarar a incompletude e aceitá-la está a liberdade. A verdade é que há buracos que não precisam ser preenchidos, lacunas são necessárias, para que o tempo demarque a vida sem que desesperadamente tentemos planificá-la, quando viveríamos em verdade se estivéssemos interessados apenas em viver a vida.


Mas preferimos degustar a vida em busca de respostas, significados, verdades, de perfeição; vivemos em busca de algo que pudéssemos admirar. Ledo ardil. A vida não passa de um engano, cheio de incertezas, máculas e inverdades. Nós somos fogo e palha, queimando em nossos atributos como forma de seduzir e destruir o dia de outro alguém.


A vida é um grande engano. E a verdade é que adoramos nos enganar todos os dias. Temos prazer em viver essa pequenas mentiras, gostamos da sensação de torcer para que ela dê certo, mas gostamos da segurança de que não seja eterno, de não estar acorrentado, ligado definitivamente a uma decisão de puro contorno de pueril emoção.


A emoção se vai com o movimento e se perder no tempo, com isso a verdade vem à tona e se desfaz todo o enredo. Perdeu a graça para um. É o trágico fim para outro. É o apego brincando com o desapego, nosso jogo de cenas, num ato final que se desdobra enquanto nossas verdades ainda forem as mais incorretas.


Nós adoramos mentiras. Ainda mais quando são, das mentiras, as mais sinceras.