segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Vezes

Ás vezes você está sozinho.
Ás vezes você está todo sujo.
Ás vezes sua mãe briga com você por uma bobagem sem motivo.
Ás vezes o cotidiano se torna mais forte que tudo aquilo que deveria ser mais importante.
Ás vezes gastamos mais tempo com palavras do que com atos.
Ás vezes o tempo passa e nem nos damos conta.
Ás vezes tudo dá certo.
Ás vezes tudo dá errado.
Ás vezes eu acerto.
Ás vezes eu erro.
Ás vezes eu faço do certo o errado.
Ás vezes o dia fica todo embaralhado,
Ás vezes a culpa é minha,
Nas outras também,
No final,
Sou eu quem escreve essa ingrata vida,
Que faço às vezes e as outras também;
Vinte anos de pão e circo,
E doutras cousas também.
É mãe. Tá ficando velha. =P

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Ignora (não era ela)



Não era ela quem o faria feliz, não era ela não, não era ela...

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

O sonho utópico.

Todos têm guardado um sonho utópico. O meu sonho utópico era, como de muitos pequenos guris, ser jogador de futebol. E eu quase consegui, e só não o foi porque eu não o quis.

O meu sonho era utópico não por ser algo irrealizável, mas por não condizer comigo. Jogar futebol para mim sempre foi diversão, sempre foi paixão, e ter que encarar isso de forma profissional seria um problema.

Quando moleque eu sofri muitas lesões. Ligamentos do joelho, estiramentos, contraturas e distensões nas coxas e panturrilhas, torções dos joelhos e tantas outras. Aos doze já era considerado improvável a possibilidade deu poder jogar bola "a sério".

Pela lesão que havia sofrido no joelho, no ano de 1998, não correria mais o que poderia e acabei engordando muito pelo tempo de molho (5 messes de geso, mais 5 de fisioterapia), e pela dieta que sempre levei. Com 1,65m, eu pesava 70 kg.

Então, depois de um tempo parado, com exercícios básicos e aquele futebolzinho de fundo de quintal com os amigos, eu cheguei aos 15 anos com 1,80m e 96kg. Um monstrinho.

Mas a partir daí, com exercícios corretos a um volume alimentar mais adequado, eu entrei em forma, e consegui me adaptar ao problema do joelho esquerdo. Terminei o ano com 1,82m, e 77 kg.

Voltei a jogar, e bem, tendo a oportunidade de ir até mesmo para europa, que, por motivos pessoais, rejeitei.

No ano seguinte, com mais exercícios e por ter fechado a boca, chegando a ficar dias sem comer, atingi 73 kg com 1,84m. Neste ano, quando um distinto senhor, que me empresariou, me levou para fazer exames, eu tinha algo em torno de 7% de gordura corporal, arredondando para cima. Segundo o doutor, eu deveria ganhar mais massa muscular, mas também deveria ganhar um pouco mais de gordura, pois ele temia que eu pudesse ultrapassar o limite suportável pelo corpo, e a perda de gordura passasse para uma perda de massa muscular, o que seguiria em seguinte com os órgãos. O corpo também precisa de gordura. Há gordura que fica entre os órgãos, que evita o atrito entre estes, e até serve de proteção. A ausência dessa gordura pode levar a problemas de saúde, como a baixa da imunidade do corpo, deixando os órgãos vulneraveis a uma infecção.

Foi o que aconteceu com uma guria essa semana. Ela tinha um sonho utópico, ser modelo e, através disso, dar uma vida digna aos familiares, ter um bom padrão de vida, e estar feliz consigo mesma, por se sentir bem como pessoa, por fazer um trabalho que sonhara para si.

A diferença é que Carolina era cobrada pelo seu consciente a estar magra, pois seu visual era seu sustento. Ela não desenvolveu a anorexia porque quis. Ninguém que sofre desse mal tem um lapso imediato e decide perder toda a gordura corporal que possui.

O que se viu nos últimos dois dias foi uma incessante agressão a uma família que perdeu uma pessoa muito amada e, para quem observou com calma as informações que foram jogadas por ai, não era nenhum monstro obsessivo por virar um esqueleto.

É evidente que o incidente tem que servir para abertura de um maior pudor com o cuidado com essas pequenas gurias que matam-se em busca desse sonho das passarelas, com uma reflexão sobre o que essa cultura da moda impõe, se esses padrões de beleza que a passarela aplica realmente é compatível com um ser humano saudável.

Mas deve-se repensar também a forma como é tratado o defunto. A guria morreu, e logo tornaram-na um monstro, como se não tivesse vida, como se o objetivo de vida dela fosse ficar magra, como isso estivesse mentalizado pela moça. Carolina não conseguia comer, pois condicionou-se a comer pouco para manter a forma. Com isso, o apetite se tornava cada vez menor, e por já perseguir a estética da magreza que lhe era imposta, tinha que ter tais medidas, estar com tal volume, que estar naquela condição era natural. O problema é parar.

A minha vantagem é que eu emagreci comendo muito. Tinha uma carga de esforço físico muito grande, gastava energia, queria ser atleta, então isso era necessário. Ela não, e talvez por isso, tenha caído nessa desgraça.

Creio que os fatos foram expostos de uma maneira superficial, pouco se pesquisou sobre quem era essa Ana Carolina Reston, não perguntaram aqueles que conviviam com ela como era, como pensava, como agia. Seria a melhor forma de expressar algo sobre o que aconteceu realmente com Carolina.

Mas foi mais fácil para o jornalista gordo e sedentário ficar sentado na cadeira aveludada e ligar para mãe, abrir o Google e pesquisar sobre anorexia, perguntar sobre isso a apenas uma nutricionista (a mesma nutricionista da Universidade de São Paulo foi a única consultada por TODOS os canais da rede aberta de televisão) e taxar a guria como uma louca. É evidente que ela era doente, mas não era o monstro que pintaram na tevê. Carolina também amava, era amada e tinha uma vida, não era obcecada em tornar-se um esqueleto, só você observar o que era dito por parentes e pela moça em conversas pelo orkut, ela queria ser magra, mas exagerou na dose, não conseguiu parar, chegou a um ponto que o freio estava além do alcance dos pés. Só não conseguiu perceber a tempo.

Os familiares sofrerem com o que fizeram com o perfil da guria no orkut. Este e o perfil do namorado foram invadidos por milhares de pessoas que deixavam suas condolências, os expressavam sua opinião sobre anorexia e bulimia. Muitos recados chegavam a ser sarcásticos, mal intencionados e maldosos.

Ao final dessa semana, transformou-se tudo isso num circo, fechado com chave de ouro com a frase da tal Gisele de que nunca deixaria de comer por trabalho nenhum. Mas duvido que ela nunca tenha passado fome para chegar aonde chegou.

Creio que essa seria a melhor oportunidade que ela poderia ter para criticar o sistema, mas não para jogar essa crítica infame a uma defunta que tem, neste momento, familiares sofrendo com esta perda, que para estes, foi irreparável.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

O Teu futuro é duvidoso, eu vejo grana, eu vejo dor 


Por você conseguiria até ficar alegre


Que tudo o que ofereço é meu calor, meu endereço, a vida do teu filho, desde o fim até o começo


Pra que usar de tanta educação pra destilar terceiras intenções


O seu instinto, é o meu desejo mais puro, esse seu ar obscuro, meu objeto de prazer


Eu quero te olhar de um lugar diferente, eu quero a chave, a chave da porta da frente


Amanheceu o pensamento que vai mudar o mundo com seus moinhos de vento

no palheiro nas noites de frio é melhor nem nascer


Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar


Como pode alguém ser tão demente, porra louca, inconsequente e ainda amar


É. Barão Vermelho. Isso mesmo. Foda!