quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Para ela (sob influência de Allstar)

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
Você foi invadindo cada canto, preenchendo todo meu espaço
Em pouco tempo, eu já nem sabia mais como fugir de você
Por mais que fosse forte, como resistir aos seus belos lábios?

Se fui eu, se foi você, foram os dois num momento exato
Eu fui bobo, um tolo, medroso, um frouxo, tive medo do inevitável
Tantas chances tive, o desejo contive até o instante insustentável
Então, me surge sem jeito, um beijo doce em meio a um abraço.

Estranho seria não ter o medo de perder a sua voz num estalar opaco
Aqueles trilhos levariam você a tão longe dos meus olhos desesperados
Sedentos, famintos em você, de tocar sua face em jeito desajeitado
Mas quase sem querer, foi ser você o meu sonho raro.

Depois de horas de palavras despertas
Sussurradas incertas
Que trarão contas de telefones estratosféricas
De tantas risadas sem métrica
Só restam-me poucas palavras a expressar o tom alto
Que se não fosse você
O meu coração seria mero vácuo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Rápida “entrevista”

Conversando com “Ives” – seu nome é Ivelize, tomei a liberdade de chamá-la assim –, uma futura arquiteta, tive uma inspiradora compilação de um bom significado de existência de uma profissão para mim intangível. Eu fiquei encantando com a definição, espero que também fiquem.

o que te motiva a querer ser uma arquiteta?

“Hum... Ser arquiteta é um dos meus maiores sonhos. Uma das maiores realizações da minha vida. Sabe o que é você poder realizar o sonho de outras pessoas? Nossa... É fantástico!

Acho um trabalho maravilhoso; transformar os sonhos das pessoas em realidade, ver aquele sorriso agradecido por você ter conseguido transformar em algo físico o que não saía do pensamento de alguém. Não acha isso fantástico?”



Sem dúvida, é algo fantástico.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Duelo de paradigmas

Os EUA terão na próxima eleição presidencial que se avizinha a possibilidade de realizar um ato histórico, independente da escolha de quem representará o Partido Democrata nas eleições, será uma escolha única na história do país.

Entra-se em um debate ideológico, social e arriscaria dizer inconsciente, quem é a melhor escolha para comandar a nação mais poderosa do planeta; um homem negro ou uma mulher branca?

Ambas as opções chocam-se com paradigmas. Estaria o conservador eleitor estadunidense mais preparado para ser regido por um negro? No país da Ku Klux Klan? Ou então o machismo inato na cultura protestante que é entrelaçada com a mentalidade deste mesmo eleitor teria sido superada para ver uma mulher no comando?

Caso a vitória seja Democrata nas próximas eleições, as possibilidades são intrigantes.

Caso o próximo presidente seja Barack Obama, será a primeira oportunidade que uma minoria ascenderá ao poder máximo no país, mesmo que Obama seja mestiço, tem uma representatividade muito grande. É uma nova linha de pensamento do partido Democrata, é visto como um político inovador, moderno. A vitória dele teria o mesmo peso história que a eleição de Lula no Brasil, onde a representação das classes menos favorecidas ascenderia ao poder máximo da nação.

Já Hillary Clinton representaria a primeira mulher a comandar a nação. Mais do que testa-de-ferro do esposo como acontece na Argentina, Hillary teria luz própria e seria a máxima representação da revolução feminista e a efetiva integração das mulheres ao sistema político.

De não ter direito ao voto à presidente da nação. Esta frase pode servir tanto para negros como mulheres.

Confesso ter mais simpatia por Obama, não por ser ele um homem, tampouco negro, mas sim pela antipatia que guardo por Hillary Clinton, onde creio ser apenas mais do mesmo politicamente. Gosto de mudanças e Obama parece representar mudanças políticas mais drásticas.

No plano ideológico, os dois têm a mesma representatividade. Seja lá qual for a decisão, essas eleições serão especiais.

Somos os safadões

Sim, nós brasileiros somos os piores de todo o mundo. Conseguimos, somos os líderes em acesso a sites pornográficos.

Segundo pesquisa da Symantec - empresa que apontou o crescimento das visitas do meu blog de forma exponencialmente assustadora após um post sobre o bolsa-estupro (!?), mas não por causa da bolsa... – 55% dos brasileiros descascam a banana frente a seu computador.

Depois de nós, aparece aquele bilhão de chineses, com 51%, uma boa idéia.

O estudo trabalhou com base em 4.687 adultos e 2.717 crianças nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália, Alemanha, França, Brasil, China e Japão.

Depois a gente acha que leva fama à toa... ¬¬

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Terapia

- Boa tarde, eu sou doutor Silveira, pelo que li aqui em sua ficha, você é o Paulo, correto?

- Correto, doutor.

- Então, Paulo, por que fazer terapia?

- Eu pensei que você fosse me dizer isto, afinal, não sou eu que recebo por estar aqui...

(Cinco minutos de silêncio)

- Então, o que te atormenta

- Nada.

- Nada?

- Não exatamente.

- Hum.

- Doutor, não sei mais o que fazer. É uma garota. É a garota.

- Fale-me sobre ela.

- É a guria do ônibus, doutor. Ela está me enlouquecendo, doutor, eu não agüento mais.

- Siga...

- Ela parecia ser a coisa mais linda do mundo, aquele sorriso mascarado, escondido, tentando disfarçar, o jeito solto de rir, aquele jeito meigo de se aproximar...

- E por que você não a agüenta mais?

- Doutor, era tudo mentira! Ela é uma ciumenta! Ela tem ciúme das minhas amigas, das minhas primas, até da minha irmã de dois anos ela tem ciúmes!? Encana com o meu futebol de Domingo, não pára de falar que eu a troco pelos meus amigos...

- Bem, o ciúme dela realmente não é normal, mas vocês já tentaram conversar? Com certeza ela tem algumas qualidades também, então será que não seria o caso de tentar contornar esse ciúme todo?

- Sim... Ela tem qualidades. Ela tem um bom gosto musical, nós temos boas conversas, ela cozinha muito bem, se interessa bastante por mim...

- Viu só, não é o fim do mundo!

- Doutor, me escuta, é o fim do mundo sim! Ela é meio doida. Às vezes ela enlouquece e inventa de querer discutir a relação e vive fazendo aquelas perguntas fatais...

- Perguntas fatais?

- Doutor, o senhor é casado?

- Sou.

- Então, não há como você não saber...

- Não?

- Claro que não! Sua esposa já perguntou ao senhor se está gorda? Já encanou alguma vez quando o senhor disse “Meu bem, como você está bonita HOJE”?

- Huuuuum... Sim, entendo. Realmente, são perguntas fatais. Nem gosto de lembrar, ontem à noite a Débora me perguntou o que eu achava da mãe dela passar alguns dias conosco...

- Nossa, doutor, não sabia que o senhor também sofria com isto!?

- Rapaz, todos nós sofremos.

- Então, doutor, a pior parte é a confusão, sabe? Às vezes eu não sei se a odeio, se a amo, o que realmente sinto por essa bendita!?

- Fale mais.

- Quando ela não está perto, eu sinto saudades, sabe, a falta mesmo, a presença dela já faz um marco em minha vida. Mas quando ela chega, ela me enche de ódio, de raiva, fica tirando as coisas do lugar, reclama que o meu quarto está uma zona, que eu deveria levar as roupas para o cesto de roupa suja e não fazer o meu montinho ao lado da cama. Reclama que tem muita coisa na mesa do computador, que eu rabisco os livros... Eu praticamente quero esganá-la e jogá-la pela janela.

- A Débora também faz isto comigo. Eu sei como é. Dá vontade de tapar a boca dela com um pote de formol, para que ela apague por alguns dias, até que esse encosto saía dela.

- É doutor. Mas sabe... Depois isso passa, ela senta na minha frente e abre aquele sorriso e não tem como não me derreter. Eu odeio como ela faz o meu ódio desaparecer, não dá pra ficar bravo com ela; ela simplesmente faz tudo sumir, o céu estava cinza, ela olha lá pra fora e vem um arco-íris.

- Vem cá e como é o nome dela?

- O nome dela? Bem, isso eu não sei.

- Como não sabe?

- Então, doutor, ela existe. Mas tudo isso que eu te falei nunca aconteceu.

- Não?

- É que todo dia eu pegava um ônibus pela manhã, bem cedo. Ela estava lá. E eu a olhava, ela me olhava, mas eu sempre fui muito tímido, então, nunca sentei ao lado dela, nunca tive a coragem de dizer um “oi” sequer, nem jogar aquelas conversas fiadas de “como o tempo está feio hoje”. E agora, nem eu, nem ela pegamos aquele ônibus e eu acho que perdi uma das maiores oportunidades de minha vida.

- Então, o seu problema é frustração...

- Não, doutor. Não sei se o senhor percebeu, mas o meu problema é com a imaginação, um tanto quanto fértil... E alguém que imagina esse tipo de coisa precisa de terapia, não acha?