domingo, 4 de novembro de 2007

E o aborto?

Tema polêmico, batido, cansativo, porém atual. Não apenas por ser o furdúncio do momento, nem por ter sido a merda do ventilador do atual governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, mas por ser algo apontado como solução.

Alguns movimentos feministas dizem que a ilegalidade, a proibição são uma forma de cerceamento, limitação de liberdade da mulher para com seu próprio por corpo.

Outros vêem o aborto como uma forma imediata de conter o inchaço populacional nas aéreas com menor desenvolvimento urbano, onde há pobreza e violência.

Como já debatido em um texto mais antigo, o aborto não é a solução para nenhum de nossos problemas, ele apenas combate a conseqüência, não age diretamente na causa.

Pessoalmente, considero a legalização completa do aborto uma idéia tão violenta e criminosa quanto à de esterilização em massa.

Que liberdade é esta onde não se preserva o direito de existir? Alguém só seria um individuo após sair do ventre? Feto é apenas um bolo de células na barriga de uma mulher?

Outro dia fui perguntado em quais casos achava aceitável o aborto. Disse que apenas em casos onde não haveria possibilidade de vida para o feto, que se colocasse em risco a vida da gestante e de estupro.

Foi-me colocado por pelo colega que não haveria diferença entre uma criança que nasce num lar desestruturado, numa família paupérrima onde não terá oportunidade e uma criança que nasça de um estupro.

Creio serem situações completamente diferentes. Alguém não irá ter valores, não poderá ser um bom cidadão só porque nasce em condições adversas? Então o individuo é apenas fruto do meio? Então, a ausência de possibilidades momentâneas da mãe justifica a morte dessa criança? Então, porque não matam também as crianças de rua, mendigos?

Por que não jogam uma bomba atômica na favela? Afinal, quem está lá não tem condições de vida, então você os mata para resolver o problema...

Creio que a tênue linha que destrói qualquer possibilidade de comparação – comparação que eu achei absurda – entre quem nasce em baixas condições sócio-econômicas a quem nasça de uma violência sexual. A mãe, no primeiro caso, teve a escolha.

A mãe pode superar o trauma, ter e criar o filho. Pode até ser uma boa mãe, mas apenas com forte apoio da sociedade. Mas é muito querer que uma mulher faça isto. É muito querer que uma mulher acorde todos os dias de sua vida e olhe para seu filho, fruto de uma violência que sofreu. Será um déjà vu diário.

Não é uma questão de se é o corpo da mãe, se a criança terá condições de ser um individuo sociável ou não, mas se a mãe teve a oportunidade de escolher ter a relação sexual ou não. Decidir fazê-lo é estar aberto as possibilidades que esta ato pode implicar.

Querer abortar uma criança tendo feito a escolha de ter a relação sexual é querer fugir das conseqüências de seus atos. É querer que outra pessoa pague pelos seus atos. É limpar suas mãos sujas por ter feito a escolha no momento errado com o sangue inocente. Sangue de seu próprio filho.

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