segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Apotegmas

No dia 10 de janeiro, um homem foi condenado a 180 dias de reclusão, mas poderia ficar apenas 10, se aceitasse fantasiar-se de cachorro. O Robert Clark atirou na cabeça de seu cachorro, que pela gravidade dos ferimentos, teve que ser sacrificado.

O juiz do estado do Ohio decidiu que caso Robert aceitasse se fantasiar de filhote de cachorro e ir a cinco escolas municipais para orientar crianças sobre assuntos que vão de drogas até regras de trânsito, teria sua pena reduzida.

Ragheem Smith também aprontou. Smith não tinha muito saco em ficar procurando vaga em estacionamento lotado, como a maioria de nós mortais, então viu aquela vaga reservada para deficientes. Ele não resistiu.

Quem nunca ficou um bom tempo procurando vaga para estacionar seu carro no shopping? Pois é, Smith agora será um de nós.

Pego, ele foi a julgamento. E o veredicto foi para que ele ficasse frente a vaga, segurando uma placa com os dizeres “Não sou deficiente. Apenas estacionei ai. Desculpem-me.”

Na Carolina do Sul, estacionar em vaga de deficiente e não ser deficiente pode lhe causar sérios problemas. Ou você paga U$ 325 ou aceita passar um mês no xadrez. Smith disse que não tinha dinheiro para pagar a multa, e não poderia se ausentar por 30 dias de seu emprego. O corregedor Jeff Bailey, então, decidiu por essa pena alternativa.

Não tenho notícias de ter havido, no Brasil, punições dessa estirpe. Essas infrações, consideradas pequenas, não são levadas a sério por aqui.

Você pode até achar um exagero prender alguém por estacionar na vaga reservada, mas em países que as leis são levadas a sério a ordem, a segurança e as instituições existem e são respeitadas.

Será que nós podemos reclamar desse sentimento de impunidade que os tubarões da política têm? Será que podemos nos assustar por criminosos continuarem cometendo suas atrocidades de dentro das cadeias? Nós, também, estamos impunes.

Furamos filas, andamos na contramão (levamos uma bela multa, eu sei), atravessamos fora da faixa, deixamos o velhinho em pé no metrô enquanto estamos sentados no assento cinza, ligamos o som a toda em horário inadequado e por ai vai.

Todos cometem pequenas infrações e não são punidos. Nada é punido por aqui. Como esperar que uma sociedade melhore e prospere se ninguém passa por um Apotegma?

Muitas vezes pensamos estar num estado que todos deveriam ser iguais diante da lei, mas só que alguns são mais iguais que os outros. Mas a realidade é que estamos num estado sem lei, sem réu ou juiz. Isso é um tumulto se maquiando de sociedade.

Acredite no que quiser. Ou infração é infração e tudo é observado, dentro de sua relativa significância, ou estamos num estado de ninguém. A escolha é sua. Está disposto a passar por um Apotegma?

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