domingo, 6 de maio de 2007

Virada Cultural, em vários sentidos

Nos dias 5 e 6 de maio, a prefeitura de São Paulo promoveu a Virada Cultural. Acontecimento que consiste em vários eventos culturais distribuídos pela cidade num período de 24h.

Mas esse acontecimento teve várias facetas e a inversão de valores é a mais explorada, hoje, pela imprensa. Os acontecimentos nos arredores da Praça da Sé ganharam grande destaque.

Houve um desrespeitoso atraso de 1h30 no show dos Racionais MC´s, o que irritou o publico que lá estava.

No Palco montado na Praça da Sé aconteceram quatro shows: Alceu Valença, Andrew Tosh, Nação Zumbi e Racionais Mc´s.

Os três primeiros aconteceram de forma tranqüila, como nos outros palcos pela cidade. Mas quando entrou atrasado, às 4h30 da madrugada, o grupo de “artistas” entrou com uma postura de “ignorar” os policiais, que a festa era “nossa”.

Com apenas meia hora de “show”, os ânimos se exaltaram ainda mais e o confronto com policiais piorou, a depredação intensificou-se e ainda mais pessoas ficaram feridas, algumas que não participavam da confusão.

Outro ponto negativo é que em alguns palcos a virada não teve nada de cultural. Houve mais balada a céu aberto que um evento cultural. Muitos se drogavam, embebedavam. A maioria dos grandes palcos, como o de Tecno e Psy não foi nada além do Circo, uma recriação brilhante da política da Roma antiga.

Não se via manifestação cultural, mas um bando de gente sob estado alterado de consciência sem qualquer perspectiva que não a de estar no estado de consciência alterado.

O mais notável foi ver o centro da cidade de São Paulo tomado por famílias, idoso, crianças. À Praça Don José Gaspar, houve apresentações de piano, um palco com apresentações de teatro e um última com oficinas de circo, maioria composta por jovens provenientes de comunidades carentes.

Na noite de ontem, eu vi famílias andando pelas ruas do centro, não apenas travestis e prostitutas. Houve muita coisa boa, como no Palco de Dança, com apresentação de danças clássicas como Ballet e Tango ao maracatu, rap e coco do cia. Omstrab.

Eventos como estes da virada cultural são louváveis. Mas infelizmente acabam manchados com episódios como os da Praça da Sé. A depredação também foi grande. O que se espera é que se aprenda com os episódios dessa virada, os bons e os ruins.

Que a próxima virada seja ainda mais cultural que esta. São Paulo precisa de mais cultura a céu aberto, balada já temos demais. A cultura por aqui fica escondida demais da população. Esses primeiro formatos são bons para aproximar a população com as próprias raízes, com aquilo que é bom e que está na nossa cultura, mas não aparece.

Só falta escolher bem quem participará. “Artista” que não respeita o público e ainda incita a violência deve ficar de fora, para que não se macule uma iniciativa como a deste evento.

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