segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Humanização

Eu já gostava de Cristovam Buarque, senador pelo PDT. Agora, gosto ainda mais.

Seu projeto, de que os filhos de políticos eleitos tenham que ter sua formação em colégio públicos durante os mandados dos pais, é fantástico.

Não vejo pelo aspecto de que vá trazer alguma melhora às escolas públicas por isto. Mas por ser um tapa na clara na “classe” política. Filho de político algum estuda em colégio ruim, nem médio. São os melhores, os mais caros.

Mais do que obrigar ao nosso representante a pensar na qualidade do ensino, este projeto forçaria o contato da família do representante com a população.

Os filhos dos políticos estudariam com os filhos dos eleitores, seriam colegas, conviveriam, partilhariam da mesma realidade. Os responsáveis freqüentariam as mesmas reuniões de pais e mestres e teriam as mesmas preocupações para com a representatividade que esta unidade de ensino teria para com a comunidade.

Esta medida obrigaria aos representantes a partilharem da realidade dos seus eleitores, coisa que neste país é das mais raras.

O senador tem uma gama de projetos que influem diretamente na qualidade de ensino. Porém este, em especial, implica diretamente em questões éticas e morais. Esta ação tiraria a classe política do pedestal de Brasília e humanizaria um pouco mais este antro de perdição que é o congresso.

Já vi o argumento que este projeto é antidemocrático, por não permitir a livre escolha de onde alguém irá matricular seu filho, além de vários mecanismos que os políticos têm para burlar o sistema.

Antidemocrático, creio eu, ser a realidade política brasileira, onde ricos vivem de uma realidade, população de outra e os políticos – em sua maioria, não totalidade – assistem a tudo rindo.

Burlar o sistema, os políticos sempre burlaram e nem por isso o sistema deixa de existir, o que deve ser feito é um aperfeiçoamento do sistema, uma ação mais coerente e honesta por parte dos media e a punição exemplar daqueles que transgredirem as regras do jogo.

Não se pode excluir algo pela mera possibilidade de existir alguma corrupção. Só porque pode haver problemas não quer dizer que algo não deve acontecer ou existir. Pensar diferente disto é render-se ao medo, é tornar problemas maiores que as causas pelas quais lutar. Nem que esta luta seja de um Dom Quixote frente a moinhos de vento.

Sem comentários: