terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Por que sou favorável a prorrogação da CPMF

CPMF é invenção Tucana, um imposto que taxa a movimentação bancária. Sua alíquota é de 0,38% de toda movimentação financeira realizada na federação.

O brasileiro paga muito imposto. João da Silva, personagem fictício que criei, recebe R$ 4.500,00 por mês, é funcionário de uma empresa privada, mora em um apartamento de R$ 70.000,00 e tem um Tempra 97, no valor de R$ 10.000,00.

Todo mês, João gasta R$ 600,00 com supermercado, R$ 350,00 com o condomínio, R$ 170,00 com energia elétrica e R$ 130,00 com telefonia.

Por ter dois filhos com sua atual esposa, João gasta R$ 450,00 com plano de saúde para ele e seus três dependentes. São mais R$ 970,00 com a mensalidade do colégio dos filhos. Ainda gasta R$ 150,00 com a perua escolar.

Com o seguro, se vai mais R$ 120,00 todo mês. Somado ao combustível, a manutenção do carro sai todo mês por R$ 270,00.

Gasta com vestuário, uma média de R$ 300,00 mensais. Além de gastos adicionais pessoais que se somam e dão R$ 800,00.

95,74% do valor que João recebe, exatamente R$ 4.308,40, são repassados em impostos para o governo. Isto, contando os encargos que a empresa que João trabalha tem que arcar e sem contar a CPMF.

Deveria ser o suficiente para que o governo tem a fazer. Concordo com isto, porém discordo que seja a CPMF o imposto cruel e implacável para com os brasileiros.

A CPMF taxa de forma proporcional a riqueza, não são valores fixos cobrados nos produtos, nem relativo ao bem. É um imposto que tira 0,38% do X que o rico patrão de João movimenta e 0,38% do Y do próprio João.

Se o patrão move 1.000.000,00, terá de pagar R$ 3.800,00 de CPMF. Já João, se movimentar seus R$ 100,00, pagará R$ 0,38. Quem mais paga é quem mais tem.

Sem dúvida o R$ 0,38 faz mais falta para João do que o R$ 3.800,00 faz para seu chefe, porém, o imposto é justo, pois ambos cederam a mesma coisa relativo ao que têm.

Muitos impostos poderiam ser descontados, diminuídos e até extintos, porém, a CPMF não. Além de não ser possível a sonegação, é um imposto que impacta diretamente na distribuição de renda, de forma igualitária e justa na cobrança. O que se deve discutir é a forma como este dinheiro é aplicado.

Neste ponto, entram a hipocrisia Petista, Tucana e do Democratas, antigo PFL. Petistas eram contrários ao imposto quando foi criado em 1993 de forma provisória para aumentar os recursos do governo para o ano de 1994.

O imposto sofreu uma série de mudanças, tornou-se o que hoje nós conhecemos e tem, de forma teórica, a intenção de levantar recursos para saúde e combate e erradicação da pobreza.

PT admitiu que é impossível governar o país sem a CPMF. O PSDB, pai da criança, acha que o imposto do cheque não é essencial hoje e que o PT gasta de mais.

O PT gasta muito, verdade.

Governar sem a CPMF é impossível, também é verdade.

Porém, não se coloca em pauta a principal questão sobre este imposto – a justiça. Por ser um imposto proporcional, é o mais adequado para a realização da distribuição de renda e para a taxação pública.

Quem teme a CPMF é quem sonega imposto, quem não gosta de pagar os R$ 3.800,00. E é exatamente este povo que o Democratas defende, é desta classe social que os interesses se assemelham aos democratas.

Aqueles que acham que o Brasil tem estrutura para viver num liberalismo econômico onde os impostos são mínimos e o Estado praticamente não participa da sociedade de forma incisiva.

O brasileiro paga muito imposto, mas nem sabe qual é o imposto que paga. CPMF é clara, direta, objetiva, transparente. Agora, imposto em alimentos, automóveis, imóveis, bens de consumo em geral, pouco se sabe quais e quantos são. Pagamos muito e atacam o cara errado.

Esta guerra não passa de politicagem, uma politicagem que não levará a lugar algum. Aprovar ou não a CPMF é apenas uma queda-de-braço, uma birra entre crianças mimadas que nem se importam com o objeto em questão. São todos uns hipócritas, incapazes de enxergar a realidade da questão.

Sem comentários: