As obrigações sugaram o meu tempo. A tristeza me sugou a vontade de escrever. “Nas torturas toda carne se trai” e em minha tortura, ao rasgar minha carne com os problemas forjados por mim mesmo e outras feridas, mero fruto de um acaso inacreditável.
Vi meus castelos desmoronarem juntos. A queda, suas notas, seus horrores, todo o caos soa como orquestra.
Uma das maiores tragédias que se pode abater sobre um homem é ver seu sonho, seu mote, quando vê os pequenos blocos de areia a rachar, paredes feitas ao esmero a deslizar lentamente e se tornarem junto ao chão novamente areia e praia.
Há alguns anos eu havia encontrado a minha vocação. Jornalismo. Carreira bonita, cheia de utopia e hipocrisia; conflitos, exposição, relações disformes entre patrões e funcionários, classe má estrutura e desunida.
Nada disso seria motivo para que eu esquecesse o meu desejo, o meu instinto. Seria eu filho adotivo da palavra escrita, queria ser transmissor de narrativas, de histórias, quereria construir realidades.
Ei-lo, poderia dizer. Mas para o ser reconhecido, necessário se faz ter certo diploma, diploma de bacharel em comunicação. Para tal, é necessário freqüentar regularmente um curso oferecido por uma faculdade.
Para tal, as opções são instituições de ensino público e privado. As públicas, em maioria, têm curso de renome e boa qualidade, porém quando se trata de comunicação, contam com uma estrutura arcaica em muitos casos. As particulares variam entre enganações e bons cursos. E há bons cursos que são uma enganação, também.
Nesta brincadeira, eu apostei num curso particular. Curso novo, porém bem avaliado pelas instituições e com um histórico recente muito animador quanto a investimentos.
Triste ilusão que depois de dois anos e meio de dedicação a minha formação e além de trabalhos, diálogos e debates com corpo docente para o aprimoramento do curso, tal empreitada desmorona.
Nesta semana tive minha bolsa de estudos cortada. Tal medida sem motivo apontado, sem prévio-aviso, sem razão exposta. Simplesmente fora cancelada.
Para completar, a fina e sutil solidão. Em meio ao caos, tenho que me despedir temporariamente da pessoa que amo. Sei que logo estaremos juntos outra vez, mas estar longe, sem poder tocá-la, senti-la, sem ter seus braços como abrigo é muito cruel. Mas é o momento de levantar e encarar.
Este é o peso que irá às minhas costas, resta a minha carregar... Sozinho. Cada um sabe da dor e da alegria que vai no coração.
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