segunda-feira, 23 de junho de 2008

Let it be

Depois de um longo período de silêncio, eu retorno. Confesso que maltratei este blog, com tantos dias de ausência, meses de um texto descente, uma discussão, algo inteligente a ser dito.

As obrigações sugaram o meu tempo. A tristeza me sugou a vontade de escrever. “Nas torturas toda carne se trai” e em minha tortura, ao rasgar minha carne com os problemas forjados por mim mesmo e outras feridas, mero fruto de um acaso inacreditável.

Vi meus castelos desmoronarem juntos. A queda, suas notas, seus horrores, todo o caos soa como orquestra.

Uma das maiores tragédias que se pode abater sobre um homem é ver seu sonho, seu mote, quando vê os pequenos blocos de areia a rachar, paredes feitas ao esmero a deslizar lentamente e se tornarem junto ao chão novamente areia e praia.

Há alguns anos eu havia encontrado a minha vocação. Jornalismo. Carreira bonita, cheia de utopia e hipocrisia; conflitos, exposição, relações disformes entre patrões e funcionários, classe má estrutura e desunida.

Nada disso seria motivo para que eu esquecesse o meu desejo, o meu instinto. Seria eu filho adotivo da palavra escrita, queria ser transmissor de narrativas, de histórias, quereria construir realidades.

Ei-lo, poderia dizer. Mas para o ser reconhecido, necessário se faz ter certo diploma, diploma de bacharel em comunicação. Para tal, é necessário freqüentar regularmente um curso oferecido por uma faculdade.

Para tal, as opções são instituições de ensino público e privado. As públicas, em maioria, têm curso de renome e boa qualidade, porém quando se trata de comunicação, contam com uma estrutura arcaica em muitos casos. As particulares variam entre enganações e bons cursos. E há bons cursos que são uma enganação, também.

Nesta brincadeira, eu apostei num curso particular. Curso novo, porém bem avaliado pelas instituições e com um histórico recente muito animador quanto a investimentos.

Triste ilusão que depois de dois anos e meio de dedicação a minha formação e além de trabalhos, diálogos e debates com corpo docente para o aprimoramento do curso, tal empreitada desmorona.

Nesta semana tive minha bolsa de estudos cortada. Tal medida sem motivo apontado, sem prévio-aviso, sem razão exposta. Simplesmente fora cancelada.

Para completar, a fina e sutil solidão. Em meio ao caos, tenho que me despedir temporariamente da pessoa que amo. Sei que logo estaremos juntos outra vez, mas estar longe, sem poder tocá-la, senti-la, sem ter seus braços como abrigo é muito cruel. Mas é o momento de levantar e encarar.

Este é o peso que irá às minhas costas, resta a minha carregar... Sozinho. Cada um sabe da dor e da alegria que vai no coração.

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