terça-feira, 15 de julho de 2008

Solidão

Apenas sente o vazio aquele que se encontra ao ermo. O meu desamparo não se encontra em mim. A solidão não é efeito do que fica, mas é fruto da ausência de quem vai.

O que demarca o espaço, a lacuna é um vácuo, um vazio. O objeto concreto, táctil, determinado vê sua definição como ser indefinido. Porém, esse indefinido tem seu nome.

Então os olhos fitam a ausência. O lugar vago se torna mais evidente, os rotos virados, meu corpo sem abraço, a lágrima que sozinha seca, o chão frio que me suporta. Sempre há algo me pressionando contra o chão. Mas sem você o ar tem mais peso, o ar fica mais denso.

Quando perco o juízo, perco porque na sua ausência nenhum dos azulejos possuiu a mesma cara, eu descubro como odeio todos os quadros pendurados na parede da sala e que todos os programas de comédia são sem-graça.

Alguns dizem que a solidão faz crescer. Outros que estar sozinho lhe faz ver com mais clareza quem se é. Bem, na minha solidão eu enxerguei, mas não a mim, mas a você. O espaço onde estaria você, o espaço que ocupam seus pés, vi que no quebra-cabeça da minha vida seu sorriso se encaixa com todas as outras peças. Vi as lacunas que ficaram na sua ausência.

O que descobri com a sua inevitável ausência que em minha alma a vida é inviável sem a sua presença.

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