quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Aquilo que eu não deveria dizer

LOS_HERMANOS:_Sentimental www.listengo.com

No dispone de flash




Aviso ao leitor que estas palavras baseadas são em tons e influências não racionais, mas por efervescência que tem me atacado e consumido nos últimos tempos.

Sinto uma incontrolável vontade de dizer tudo aquilo que explode a minha garganta, mesmo tendo apenas tido duas lembranças presenciais do que é o real. É incrível como o coração consegue fazer sua construções utópicas e fazer-nos acreditar com toda a força da alma num romance que seria de cinema.

Sou consumido por uma vontade de dizer tudo aquilo que contradiz minha racionalidade, de um sentimento aceitável e palpável, sentimento que todos adoram aparentar, inclusive eu. Por alguma ironia qualquer, não é este o caso daquilo que há hoje.

O amor é um jogo de aparências. Você não pode revelar o que sente por quem sente, isto é desarmar-se, ir ao campo de batalha sem sua armadura. Mas como saber o que sente a pessoa por quem algo você sente? É muito arriscado vulnarabilizar-se frente a quem não sabemos se quer nos acolher o ferir-nos com sua vil lança de rejeição.

Para quem joga num terreno aberto, é muito simples; expõe-se, assim, abre-se a lacuna da oportunidade. Ama oportunidade que, aliás, não existe, não é real. Apenas se revela - no momento que se expõe o sentimento escondido no âmago - aquilo que já era, mas outrora estava oculto. A resposta vindoura é aquela que já existia antes; ninguém vai lhe querer apenas porque você declara um sentimento, o que ocorre é o choque de interesses em comum. Deixa ser, não é o que me interessa dizer.

Outra opção, a mais racional, é a de ocultar-se aquilo que há em si. É jogar o jogo. Você sente algo, porém fingi não sentir, mas tenta de todas as maneiras despertar sentimentos em seu alvo de desejo. Assim, apenas revelar-se-á quando oportuno o for. Claro que sempre há o risco de nunca haver um momento oportuno.

O grande problema disto é tornar-se um amante platônico. Você pode acabar por amar intensamente de forma cega e irracional alguém que desconhece seus sentimentos e nunca os efetiva, apenas guarda para si, sofre, se destrói a cada dia, procurando subterfúgios para ignorar a verdade que lhe salta aos olhos a todos os dias. Quem sabe, talvez, a pessoa amada até saiba de seu sentimento, mas prefira fingir ignorância, pois é muito mais fácil ignorar aquilo que não se é capaz de lidar e deixar que você siga a viver a mentira que é amar e alimentar um sentimento que nunca algo será e se destruir com isto, procurando fuga em outros braços quaisquer.

Aqui entra o meu porém. Sinto, não entendo como, apenas sei que o é. Sei o que sente aquela por quem sinto. Sei que o amor só é amor se for sem razão, por isso confio nas boas intenções da minha insana carne a fazer escolhas como esta.

Há esperança, mas não a de ser o que eu gostaria que fosse. Quando se sabe a quem pertence o coração que você gostaria de ter para si e que este proprietário não é você, vive-se na angustia de jamais poder ter aquilo que sempre o quisera; amar como jamais amara alguém.

Ai entram as palavras que eu tanto gostaria de dizer, mas não o posso fazer. Não é medo de perder, pois só se perde aquilo que se tem e a realidade é que nada eu tenho. Eu só queria dizer que sem qualquer motivo eu a quero tanto, que espero apreensivamente o passar de cada hora para a oportunidade de a ver e quando a vejo, meu coração dispara, as palavras somem e eu nem sei o que fazer.

A conquista só se torna algo impossível quando se deseja aquilo que se quer de forma avassaladora. Eu não vejo horizonte para qualquer sentimento real de alguém por mim, principalmente de alguém por quem eu sinta algo; esta é uma boa sorte apenas concedida para uns poucos. Para pessoas como eu sempre sobra o mero sabor carnal de posse e toque, jamais o sentimento que transcendesse o banal sensorial, jamais me é permitido tocar de forma real a posse do amor, jamais me é permitido haver a destruidora paixão recíproca. Para mim, apenas restos e feridas.

Estar, gostar, apreciar. Para alguns é suficiente. E infelizmente, aquilo que eu não deveria dizer é, que tudo que eu quero é o tudo que não pode me oferecer. Se por acaso quisesse algo oferecer a mim. Amor? É coisa que só alguns podem ter e infelizmente eu não estou nesta lista.

Então, resta engolir as mentiras do dia-a-dia, enganar-se com cada lábio vazio que houver no caminho e aceitar como verdade as mentiras que conto a mim mesmo. "eu só aceito a condição de ter você só pra mim, eu sei não é assim, mas deixa eu fingir e rir..."

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