quinta-feira, 6 de março de 2008

O Coração e o Ingrato

- Até que ponto irei eu insistir para ter o seu amor? Como posso resistir? Eu fiz de tudo para ganhar você para mim, mas mesmo assim...

- Apesar de minhas rosas, por outros braços fora embora, todos os meus versos, tudo o que eu soletro, todo o meu coro, nada, nada, nada fez você acreditar que era eu...

- Amei-a com toda intensidade, entreguei-a o meu coração, é a mais pura verdade. Eu tive tudo sem saber, mas por que insistir, se quanto mais eu persisto, mais eu me firo?

- Acalma! Se os erros foram no intuito de encontrar a verdade, qual é a maldade? Depois de ter vivido tudo aquilo, poderia ter ido aos confins, mas não, eu só fui até ali! Relaxa! Sou um coração dispendioso, mas sou amável.

- Se me atiro sobre lábio qualquer não quer dizer que não há sentimento. Na verdade, é apenas passageiro, é sombra sem parcela de responsabilidade. Deixa ser como será!

- Mas o que será, oh seu malévolo revoltoso que se atira ao revés sem mesmo me consultar, se apaixona e derrama sobre mim bálsamo envenenado, entorpecendo-me em delírios, beijos de saudade! Oh, sossega-te e não me atormentes mais!

- Veja bem meu caro, sem novos amores, qual é o sabor de continuar nesse cintilar ingrato? Se não vê o que sinto quando me atiro, não é culpa minha, não é por qualquer coisa que dispenso a vertigem de um novo amor... Ah! Seus abraços, seus sorrisos, seus beijos e seus traços! Não se limite a pequenos sapatos, se realmente o que calças é quarenta e quatro. A pior tirania Humana é calçar sapatos apertados. Liberte-se desse mal, deixe-se viver, se atire, sinta, larga a mão desse esconder ingrato!

- Coração, boêmio inexaurível, deixe de ser fecundo em atrocidades, suas cicatrizes já me custam muitas verdades, explique a paz que não há, explique essa dor que não quer cessar! Canta-me por que da saudade que não acaba mais!

- Meu prezado, é tão simples, tão fácil, só você não vê que aquela bela dama, da qual você menospreza o meu parecer, conquistou você com leves beijos, jeito extrovertido, levou-me aos maiores delírios; e nesse compasso você seguiu comigo e, hoje, não há mais solução: ou se entrega, ou se entrega meu caro turrão!

- Não acredito em tais palavras, não será você a me ensinar aquilo que deveria ser. É um desiludido, perdido em tardes de domingo, mal sabe o que faz! É um vagal por completo, tenta iludir-me nesse momento incerto em que não sei o que fazer. Pensa que sou o quê? Acha mesmo que estou eu apaixonado? Acha que eu sou o que meu caro? Não me entreguei com tal facilidade, não serei eu o primeiro a cair sobre essa suas falsas-verdades, deixa-me em paz e leva contigo o que não me satisfaz.

- Veja, o sentimento existe, mesmo que você não acredite. Resista o quanto puder, pois o tempo o dirá, a verdade, qual é. Se você não quer se atirar nesse amor, a derrota será sua, a dor será minha, as lágrimas e as conseqüências por você serão todas sentidas. Apesar de tudo, vê se me escuta da próxima vez, pois ela já se foi e você ficou sem ao menos ganhar dela um adeus. Comporte-se e quem sabe um dia eu encontro outro amor vertiginoso e incerto, porém terno, para que um dia o coração não seja o seu amigo indigesto!

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