terça-feira, 11 de março de 2008

Pé de árvore

Um dia um guri me perguntou:

- Faz o que da vida cidadão?

Eu disse:

- Estudo, Trabalho, Escrevo e Sonho.

Perplexo, olhou de lado e fechou a cara com indagação:

- Sonha?

- Sim, sonho.

- Sonha com o que?

- Sonho com a vida. Sonho com os amores. Sonho com um sorriso. Sonho com um bom sonho, eu sonho.

- Mas todo mundo sonha.

- Nem todos. Alguns podem até ter um sonho. Mas eu sonho.

- Como?

- Não é objetivo, não é delírio, nem saudosismo, não é ilusão, não é indagação, é possibilidade, é olhar ao horizonte e ver a vida em todos os lugares, é mais do que se pode apalpar com as mãos, bem mais distante d´onde seus olhos alcançam, é simplesmente o brisar de uma criança. Não tenho um ponto lá ao longe, eu tenho representação intensa e presente, é real, é presente.

- Não faz sentido.

- E que sonho faz sentido?

- Os meus fazem.

- Parabéns.

- Pelo que?

- Por ser um chato.

- Chato?

- Onde lá se viu sonho exato?

- Ah Vai!

E assim se finda o diálogo, cada qual se vira para um lado e bufa, eu com meu sonho e insensatez e ele com a exatidão e aquilo que eu não sei. Também não faço a menor questão de o saber, apenas me limito a seguir esse caminho sem trilho, apenas sigo e vou até aonde a aspiração me levar, eu vou seguir, vou sem me preocupar, vou caminhando, vou a sonhar, deixo que seja o que será, dando ao acaso o conduzir da rima, fazendo de cada inesperado um sonho, ou, ao menos, possibilidade de um bom momento da vida.

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