segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Eu não tenho culpa!




Queridas amigas, eu não tenho nada a ver com isso! Não pratico tráfico de gente, nem negocio mulheres. Mas caso tenha alguém interessado, favor clicar no link! =P

domingo, 28 de outubro de 2007

Ventos de Somália


Somália é um país pobre. Pobre até em relações a outras nações africanas. No colégio, ensinam que os países africanos foram divididos por fronteiras que não respeitavam àqueles que habitavam as localidades, etnias e culturas foram irrelevantes diante dos interesses comerciais do neocolonialismo.

Este país localizado no “chifre” da África é um grande exemplo disto. É uma nação fragmentada em diversas tribos, onde o governo eleito com ajuda de Etiópia não é considerado legítimos pelos chefes de tribos – que são muitas –, o que facilitou a pulverização nacional.

Porém, a capital Mongadíscio, também cidade mais populosa do país, continua sendo o palco da barbárie da guerra étnica e religiosa. Há um confronto claro entre as forças mulçumanas e o governo. No meio deste caos, crianças.

Crianças que protestaram, se manifestaram, fizeram uma passeata. Seis pessoas morreram sábado, numa ofensiva das tropas da Etiópia que interferem nos conflitos desde que a ONU abandonou o posto há 12 anos.

O mais importante é ver que há uma busca de paz, mesmo neste caos que leva tanta gente à miséria, é bom ver que há uma luta pacífica por paz e de uma nova geração. Eram crianças protestando.

Mesmo que seja difícil ver uma notícia, uma nota sobre algo da África. É bom ver que entre tanta desgraça que do continente do descaso ainda vem uma brisa de esperança.

É mais do que um exemplo para esse Brasil, hoje apático, conformista. Resignar-se? Não! Mesmo frente ao mais absurdo deve haver esperança. Senão o cabresto estará colocado e nada mudará, nos jornais serão sempre as mesmas notícias, sem poder nem ao menos brotar uma mínima brisa de alegria, esperança e paz.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Tapando o sol com a peneira.

Sérgio Cabral Filho, governador do estado do Rio de Janeiro, realizou declarações polêmicas.

“Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal. O Estado não dá conta. Não tem oferta da rede pública para que essas meninas possam interromper a gravidez”.

O pensamento de Cabral é simples, você mata o marginal antes que ele nasça. Acontece que nem todo favelado é bandido, traficante, assassino, mau-caráter. Então, além de matar o “criminoso” antes que tenha sido concebido, ele elimina uma gama de pessoas inocentes.

Cabral reconhece ineficiência do Estado. Mas apenas sobre não conseguir arcar com os custos dos abortos. Não sei se passou pela cabeça do governador algo sobre arcar com os custos de um sistema de educação de qualidade, em investir no ensino de base das escolas estaduais do Rio, para que essas crianças que ele propõe matar não sejam marginais caso venham a nascer – marginais no sentido de estar à margem, fora da sociedade.

Temos um grave problema de segurança pública e não é com capitães Nascimento ou aborto que isto terá alguma resolução. A solução é educação. O caos que vivemos é reflexo de um país desigual, onde a maioria não tem oportunidade aos direitos básicos de nossa constituição, nem que seja à moda neoliberal onde se paga pelo que deveria ser público.

Com um ensino de qualidade, as meninas do Morro da Providência poderiam desenvolver a consciência que a mulher da Tijuca tem - de ter uma carreira, menos filhos e não tão cedo. Mas isto só se desenvolve quando se tem uma perspectiva de vida.

E uma perspectiva para estas mães é o que menos parece interessar ao Governador do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Bate-papo sobre blogs e literatura

Marcelino Freire, escritor Pernambucano, vencedor do prêmio Jabuti, em 2006, na categoria contos e crônicas, me cedeu alguns minutos de seu tempo numa breve entrevista.

O escritor estava no Mackenzie para a II Semana de Comunicação e Letras. Em uma palestra falou sobre blogs, sua influência no meio jornalístico e no literário.

E é exatamente este o tema de nossa conversa que você pode escutar logo a baixo.


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mais uma lágrima

Márcia tem 10 anos, mora em Maringá, Paraná. Tem a pele parda, fios de cabelos finos e negros, olhos escuros, um sorriso de criança. Seu corpo é magro, fino, uma tábua, como de qualquer guria que ainda desfruta da infância.

Acredita em Deus, junto com seus pais freqüenta uma igreja evangélica, a Assembléia de Deus.

Não era rica, pelo contrário, fazia parte de 90% da população brasileira que não tem acesso a uma série de recursos e confortos de nossa sociedade moderna. Mas não precisava disto para ser feliz.

Era conhecida por ser uma criança alegre, cheia de vitalidade como suas demais colegas, mas tinha como marca registrada sua simplicidade.

Mas em um culto realizado no dia 20, último Sábado, Márcia desapareceu. Houve uma agitação na comunidade cercado por um ar de inconformismo, há uma câmera de segurança na entrada da igreja, mas sem arquivamento das imagens.

Márcia disse a outras crianças que iria buscar um bolo com um “amigo”.

O corpo, encontrado dia 21 em um canavial continha traços de tortura – estrangulamento – e abuso sexual.

Levantaram-se questões quanto à segurança para crianças nas igrejas, se ficam soltas, se há algum controle. A verdade é que nunca houve necessidade de um controle, crianças são crianças e brincavam quando não há atividades específicas. Agora, tivemos o segundo susto.

No primeiro semestre, sofremos também com a morte de uma criança na IASD, onde o assassino, em seu lapso de insanidade, largou o bebê no tanque batismal – a criança morreu afogada, segundo laudo médico que constatou relativa presença de água nos pulmões.

Mas o que mais choca neste acontecimento que passados três dias, oitos suspeitos apontados publicamente são membros da congregação, dentre eles um pastor. Apesar de um outro suspeito ter sido detido, um homem de 34 anos com várias passagens na polícia, uma questão fica no ar. Como confiar na pessoa ao lado numa época onde não se há o respeito, onde um desejo momentâneo vale mais que uma vida!?

É horrível pensar que alguém com quem você convive a certa constância, confia, crê ser de boa índole vá cometer algo tão absurdo como torturar, violentar e assassinar sua filha. E isto não é por ser membro da mesma igreja. Poderia ser um parente, amigo, vizinho.

O que mais assusta é a falta de pudor.

Apenas um impulso foi o suficiente para tirar a vida de uma garota de dez anos, pobre, cheia de alegria e esperança, repleta de fé. Apenas um impulso e embriaguez foram suficientes para adentrar uma igreja ao lado de seu trabalho – uma construção – e assassinar uma criança pequena.

A cada dia cai mais uma lágrima pelas perdas causadas pelas nossas próprias imperfeições morais. Imperfeições que não somos capazes de lidar; que nos agridem levando de uma só vez a pureza e juventude de nossas pequenas garotas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Minha presunção

Em um artigo na Folha de São Paulo, Carlos Heitor Cony deixa a fidelidade partidária como algo menor, que não se enquadraria nos modelos políticos brasileiros, tampouco seria solução para a política nacional.

"No Brasil, deve ser mínima a faixa dos que votam num determinado partido. Alguma coisa na base do 0,2% do eleitorado. O resto vota em candidatos".

Realmente, o eleitor pensa votar em um candidato. Porém, pela lei eleitoral, ele vota na coligação. Isto fica evidente quando um candidato recebe um número de votos que é muito maior do que o necessário para se eleger e acaba por levar consigo uma série de outros candidatos da coligação.

Cony também faz uma leitura clara da realidade, "nenhum eleitor pensa nos programas partidários, que uns pelos outros pregam a mesma coisa". Esta cultura não foi desenvolvida no Brasil, o eleitor nem ao menos se preocupa com o plano de governo, vide a última eleição.

Os dois candidatos que foram ao segundo turno das eleições presidenciais só apresentaram seus "planos de governo" vinte dias antes do segundo pleito. O único candidato que possuía um projeto de governo antes do período eleitoral se iniciar era Cristovam Buarque.

Então, meus caros, começa a minha presunção. Para Cony, a fidelidade partidária seria essencial a democracia.

"Com dois partidos apenas, um conservador outro liberal, acredito que os candidatos melhor se arrumariam no tabuleiro e, aí sim, a fidelidade partidária seria indispensável ao funcionamento da democracia".

Discordo de Cony. O Brasil ainda não tem uma história democrática. De real democracia, tivemos dez anos após a ditadura Vargas e mal completamos dezoito anos deste período democrático. Ainda não se desenvolveu uma cultura política no Brasil, é muito cedo para querer que os eleitores sejam conscientes, avaliem os partidos e o sistema político.

Ainda há resquícios da cultura política ditatorial, ainda há cabresto, ainda não nos livramos totalmente do ranço dos coronéis, tampouco consolidamos o sistema democrático composto pela constituinte.

Por mais que a maioria dos partidos seja de corpos vazios, sem ideologia, o Brasil como um todo não o é. Seria terrível se ver preso a temível realidade bipartidária. Consolidar-se-ia a axiologia maniqueísta que foi muito forte nesses primeiros anos de democracia.

Construiu-se uma idéia de oposição entre PT e PSDB. Que os partidos se coloquem em contrariedade, tudo bem, mas me assusta por muito a idéia de que estes poderiam ser os únicos dois partidos a se votar, as únicas alternativas a se escolher.

No primeiro turno da última eleição, tive um consolo de consciência política de poder votar em um candidato que eu tinha certeza que não venceria a eleição, mas que era a melhor opção para o meu país. É assustador só de pensar que as únicas duas opções numa eleição presidencial pudessem ser apenas Lula e Alckmin. O que Carlos Heitor Cony propõe, para mim, não é uma solução para nossa democracia, mas a morte desta.

Não seria um retrocesso político? Voltar às "eleições do cacete"?

Deve-se inserir na cabeça do eleitor o ideal de que não se vota numa marca, num produto publicitário – pois é o que nossos candidatos hoje são – mas em uma idéia, num projeto de país. Só então, os partidos desenvolveram ideologias, reais projetos de país para substituir siglas que não passam de letras escolhidas para facilitar no informa publicitário.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Playboyzinhos e maloqueiros.


No dia primeiro deste mês, Luciano Huck fez um “desabafo” na Folha de São Paulo sobre o assalto que havia sofrido, onde levaram seu rolex.

Não é o assunto mais importante do dia, tampouco extraordinário, mas um assaltado na megalópole São Paulo.

Porém, este ocorreu na região dos Jardins, com alguém “notório”. Foi o suficiente para a mais nova guerra no painel do leitor da Folha. Há três dias esta matéria tem repercutido mais do que o resto das matérias da edição juntas.

Aqueles que criticam a atitude de Huck por “choramingar” o rolex roubado, de ter o gélido 38 encostado a cabeça e somente após tudo isso levantar um grito por segurança, são os que mais apareceram.

Estes foram taxados de petistas, como se achar que a atitude de uma celebridade que até ontem não ligava para o fato de a população estar à mercê da violência.

Eles têm razão, pois é real, Huck continua sem se importar, assim como seus iguais, os moradores da região dos Jardins, a elite deste país, o pessoal do cansei; todo esse povo não se importa, na realidade, com nada. É que “a água bateu na bunda”.

Quando a violência chegou aos jardins, quando levaram o seu rolex, quando você sentiu o que é ser assaltado, é ai que você se toca na coisa terrível que é sofrer violência. Neste momento a alta casta vai se preocupar com a violência. Mas só enquanto a periferia não saltar de volta para a escuridão de onde veio.

Luciano não tem culpa de ter nascido “abençoado” com oportunidade e possuir bens materiais, ter uma excelente condição social. Não enriqueceu por meios ilícitos. A sua culpa é a falta de conhecimento da realidade em que vive, de ficar enfurnado em um cenário de sombra e água de coco, quando o mundo aqui fora é caótico.

Outro erro cruel foi criticar o governo federal, mais especificamente o presidente a república, por uma responsabilidade que é do governo estadual. Segurança pública é de responsabilidade do estado, então, o alvo da “revolta” do apresentador global deveria ser o governador José Serra.

A periferia emerge frente aos nossos olhos, ela se manifesta, pulsa, vive, por mais que a ignoremos, pensamos que não passa de algo escondido na sombra de nossa construção social, mas a realidade é que eles desenvolveram um segundo sistema que entra em conflito direto com o nosso. E o pior, eles ficam cada vez mais fortes.

Desenvolveram uma cultura, um linguajar, formas, jeitos, normas que invadem as nossas e quando entram em conflito com nosso sistema, geram o caos.

Pichação; gírias; músicas; vestuário; violência; uma esmola, por favor. Eles nos cercam por todos os lados, eclodem dos bueiros, nas paredes, no trânsito, num almoço, num passeio, na volta ao trabalho, no dia-a-dia, numa tragédia, numa exposição de arte. Todos os dias recebemos o mesmo recado de diferentes formas, só que não percebemos. Huck não percebeu.

Não lhe demos voz, eles encontraram outra forma de se expressar. O ser humano se adapta as diferentes situações e condições que é exposto, condicionado. O cego aprimora seus outros sentidos para que possa se orientar. O mudo desenvolve sinais e aprende aos lábios interpretar. O marginalizado faz o caos para se mostrar.

É assim que é a vida, a miséria grita, só falta eu e você escutarmos. Falta, também, um pouco de vergonha na cara de quem tem influência e poder neste país para que as soluções não se limitem à região dos jardins.